sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Adoro....não escrevi mas é o que sinto.....lindo .....

meu lado secreto
Morre lentamente – Pablo Neruda
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

VIver Vivendo Seguindo em Frente ....era um livro que gostaria de conseguir escrever

Bem há muito desejava escrever algo, a verdade é que não sabia bem como o fazer, faltavam -me as palavras para descrever tudo o quanto me ia na alma. O tempo ...hó....o tempo sempre passando e as emoções não conseguir descrever, transmitir e muito me fazia falta descrever as alegrias, as tristezas as derrotas e as vitórias, como passei tantos anos...cresci, casei, fui mãe, casei minha filha, fui avó, assisti ná doença cruel do meu António....tantas vitórias...tantas derrotas. Tantas emoções para contar...como diz a canção, "Se chorei ou se sorri o que interessa é que emoções eu vivi"


Senti a necessidade em reler poemas em folhas de papel soltas, daquilo que já escrevi e que me deu saudades da vida, todas as frases que aqui tenho escritas está um pouco de mim, da minha meninice, namoro, namoro, sonhos e em todo o tempo que não escrevi, perdi a oportunidade de registar as minhas alegrias, tristezas, e sentimentos dolorosos.
Os anos passaram e eu perdi a noção da escrita e daquilo que ira ou podia transmitir.
O blog da minha amiga eu senti a energia a fluir e vou em frente, como um passáro no seu primeiro voo, é mesmo isto é mostrar que ainda temos asas quando achamos que já não sabemos voar...


Muitas coisas mudaram, outras continuam na mesma mas o mais importante é que eu começo a conseguir ultrapassar as barreiras uma após outras sem cair tantas vezes ou então a levantar-me mais facilmente.


A vida me ensinou que não é fácil para ninguém, mas só assim poderemos dar valor às verdadeiras preciosidades da vida. Aprendi que por muito magoados que estejamos existe sempre alguém que precisa da nossa protecção e é por eles que temos de continuar a lutar.


Eu agora sou como uma árvore velha, por muito que me tentem derrubar, eu abano de facto... mas fico no meu lugar...

Viver Vivendo e Seguindo em Frente.

MENSAGEM DE CHARLES CHAPLIN

Tua caminhada ainda não terminou....

A realidade te acolhe

dizendo que pela frente

o horizonte da vida necessita

de tuas palavras

e do teu silêncio.



Se amanhã sentires saudades,

lembra-te da fantasia e

sonha com tua próxima vitória.

Vitória que todas as armas do mundo

jamais conseguirão obter,

porque é uma vitória que surge da paz

e não do ressentimento.



É certo que irás encontrar situações

tempestuosas novamente,

mas haverá de ver sempre

o lado bom da chuva que cai

e não a faceta do raio que destrói.



Tu és jovem.

Atender a quem te chama é belo,

lutar por quem te rejeita

é quase chegar a perfeição.

A juventude precisa de sonhos

e se nutrir de lembranças,

assim como o leito dos rios

precisa da água que rola

e o coração necessita de afeto.



Não faças do amanhã

o sinônimo de nunca,

nem o ontem te seja o mesmo

que nunca mais.

Teus passos ficaram.

Olhes para trás...

mas vá em frente

pois há muitos que precisam

que chegues para poderem seguir-te.



Charles Chaplin

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

HINO DE AMOR

Como o Sol despontando no horizonte



tu e eu feitos de amor indissolúvel



radiamos de felicidade na distância



e libertos cantamos a verdade



do sentimento que louvamos.



Pois tudo em nós é água cristalina



é poesia neste momento de saudade.







Como a candura de uma criança



os sorrisos férteis que soltamos



serão o fruto que sonhando idealizamos



feito de luz e cores suaves.







No lar que construíres eu serei



a esposa fiel e confidente



e a mim poderás entregar tuas mensagens



pois meu coração e minha alma serão aves.







Como a flor e a terra,



onde nasce e floresce,



tu e eu, na Igreja da Pureza.



Então o Sim de Amor



surgirá de ti e de mim.







Pois poeta sonhador



dono dos meus sonhos



beijará com ternura jovial



os meus lábios ansiosos do teu Amor.




Dedicado ao António meu marido
Feito em 15 de Fevereiro de 1976.

CÂNTIGO NEGRO DE JOSÉ RÉGIO

Cântico Negro



"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...



A minha glória é esta:

Criar desumanidade!

Não acompanhar ninguém.

- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe



Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...



Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?



Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...



Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada.



Como, pois sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...



Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátria, tendes tectos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura !

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...



Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.



Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou.

É uma onda que se alevantou.

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

- Sei que não vou por aí!

FELICIDADE

Foi numa manhã


vestida de tule

enfeitada de violetas.



Trazia como aia

a voz de rouxinol

e nos lábios o sorriso de uma noiva

e algo mais(Felicidade).



Meus braços abertos

libertam travas,

soltam abismos

destroem brumas

para recebe-la!



Meus sonhos dispersos

debotados de verde

voam na embrieguez da altura

tocando doce melodia!



A chama do tempo tudo consumiu.

Só a tua imagem não arde.

AMANHÃ

Queria adormecer e ao acordar



Já não ser Eu, mas ser Outra.



Poder de novo a Vida começar



Ser outra vez criança pura e boa.







Neste velho Mundo ser um estranho Ser



Onde aparece envolto em Luz e Esperança.



Não ter amigos, ninguém conhecer.



Começar de novo e a Vida eu Viver.







Começar sem pecado uma Vida nova



Não carregar às costas este fardo.



Lançar para o alto um grito de “Hossana”.







Ser calma e alegre criatura



Que de mim amasse a formosura.



Ser o que me chamas-te “desumana”.



TUXECA
Feito em 10-07-1968

Diz-me onde moras

Eu moro na via cascata,




no canto liberto do rouxinol



e na expressão amargurada



das gentes de Bairro de lata.



Vivo o poema desesperado



das crianças abandonadas



das Cidades incendiadas



e dos sonhos destruídos.



Moro no vento,



no sussurro do mar



e no pensamento que está por detrás,



daquilo que não vês.



Não me busques,



porque é difícil encontrares-me



e se o fizesses.



Não me aceitarias

Ser Viúva

Se soubéssemos o futuro,

viveríamos melhor

cada momento na vida.



Deixaríamos as preocupações do dia-a-dia

focando nossa alegria

no amor que o destino legou.



Quando a fatalidade sobrevém,

choramos alucinados o passado

julgado pesado,



e vemos o quanto somos fortes

diante da infelicidade

a nós sobrevinda.



Diariamente vamos até o baú recordação,

e revivendo descoloridos momentos,

pintamos sobre eles a cor da saudade.



Sempre será ontem o não vivido

e no hoje, doído o futuro

convivendo com a dor.



A morte traiçoeira

sem dó invadiu uma história

e sem epílogo, escreveu fim,



onde havia ainda esperança

que houvesse muitas virgulas

e novos parágrafos.





Dói, abrir o álbum de família

e sentir o gosto amargo da recordação

reabrindo de novo



A definitiva dor instalada

Nesse coração partido e enlutado

Que teimoso, ainda bate em mim.

Viver Vivendo